O interior da gente é escuro e estranho; margeia o irracional. São estilhaços e mais estilhaços de loucura pra tudo quanto é canto. Pequenos fragmentos de um grande espelho quebrado que nos revela e, paradoxalmente, nos esconde. Espelho este que, a cada vislumbre, mais e mais nos deforma.
Nesse pequeno-infinito universo, como criancinhas amedrontadas, chora e tateia, estupidamente, nossa razão. Recolhendo e juntando cacos na vã tentativa de montar o inútil quebra-cabeça de nós mesmos. Na infrutífera batalha para encontrar e dar sentido a essa torrente de aleatoriedades que resume o nosso Eu.
É sempre uma descida difícil em nós mesmos. E sempre temos que fazê-la. E enfrentar nossos medos, monstros e tormentos. Sozinhos.
E lutar para não nos deixarmos petrificar e permanecer lá, aprisionados e abandonados nesse casarão assombrado pelos demônios da nossa consciência. Tateando a esmo um mundo insano, estranho e escuro. O interior da gente.
P. S.: Depois de Asilo Arkham - Uma séria casa em um sério mundo pretendia fazer uma resenha. No entanto, saiu este texto...
P. S. 2: A obra é dos autores Grant Morrison (roteiro) e Dave Mckean (arte) e metaforiza, por meio da prisão-manicômio Arkham, os conflitos psicológicos de Batman - numa viagem ao seu eu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário