segunda-feira, 1 de junho de 2015

Você e eu. E só.

Não cabe neste poema
a alegria que tento escrever!
Mas escrevo ainda assim.
Na verdade, o que tem aqui dentro,
em rebuliço e exultação,
não caberia mesmo qualquer explicação,
pois esta prescinde ordem,
e não há razão neste instante
dentro de mim.
Até onde posso descrever,
há eu e você. E só.

Depois disso
minha racionalidade assiste a uma narrativa toda fragmentada
onde desfilam imagens de pernas e corpos nus
braços e abraços que se enroscam
e línguas que se queimam
num toque qualquer

Aí já é noite
o álcool entorpece
cigarros aquecem pulmões suicidas
enquanto um som alto
estremece o nosso filme
a nossa história
e tem dança
e beijos
e mais beijos e abraços

Vem a madrugada
cai uma paulistana garoa
e as pessoas passam
e as luzes dos carros ofuscam a realidade
dentro da noite escura e gelada
e tua voz agora é música
e eu sou todo plateia...

A razão, boquiaberta,
busca simetria,
tenta costurar o sentido
da caoticidade daquelas cenas.
Distingue os pares de olhos,
as duas estrelas da noite,
e para, estupefata,
no ponto de partida.
Onde tudo começou.
Até onde é possível descrever:
Você e eu.
E só.