terça-feira, 4 de novembro de 2014

Primeiro beijo

Se eu pudesse
eu ficaria ali
parado
e perdido
no tempo

Aquele tempo infinito
em minutos e segundos
envolvendo nossos lábios
e nossos olhos
e nossos corpos

Eu ficaria por ali mesmo
embalado por nossos corações
(tum, tum tum, tum, tum tum...)
perdido num sentir macio
e úmido da sua boca

E exigiria a suspensão de tudo:
Que tudo pare!
E que só nós existamos
E que o mundo sejamos nós
E que nele pairemos nos ares
Impulsionados pelo nosso eterno
E primeiro beijo.

Criando imagens em meio à tempestade

a umidade desprendia-se de um céu tingido de noite
mãos invisíveis riscavam
de maneira aleatória e com giz prateado
a negra lousa noturna
explosões balançavam-na
enquanto um forte vento
varria violentamente o chão encharcado da Terra

um céu líquido desabava em gotas frias
que desfiguravam meu rosto 
e as árvores 
e as coisas todas do Mundo
enquanto flashes fotográficos registravam
em fotografias preto e branco
imagens de desespero
dentro da tempestade.