Em um futuro próximo, o planeta já terá escapado de uma invasão alienígena, sua tecnologia será altamente avançada, viagens interestelares serão uma realidade e a criação de seres cibernéticos será a solução para a defesa da Terra, bem como para a exploração espacial. Esse é o pano de fundo de Projeto AYLA, a mais recente publicação em quadrinhos do escritor e roteirista Marcelo Cassaro.
O álbum, com pouco mais de 190 páginas, capa dura, e publicado pela editora Jambô, é ilustrado pelo artista Eduardo Francisco. Com um enredo que gira em torno de uma cientista e uma corporação tecnológica empenhados em desenvolver uma androide superpoderosa, um conflito entre duas raças alienígenas inimigas, além da figura de um agente (governamental?) que monitora atividades extraterrestres em nosso solo, este parece ser o melhor trabalho em quadrinhos, depois de Holy Avenger, de Cassaro.
A narrativa, bem entrelaçada, é dividida em cinco capítulos, mais um epílogo, e apresenta uma ficção científica bem contada e muito bem expressada pelos traços firmes, e em estilo mangá, do desenhista Edu Francisco - como ele assina. Aliás, um simples folhear de páginas causa um impacto bastante positivo aos olhos de quem aprecia bons desenhos, tão bom o resultado final alcançado pelo artista na elaboração das personagens e dos cenários futuristas da HQ.
O roteiro, por sua vez, sintetiza bem o trabalho do veterano Marcelo Cassaro, mostrando-se dinâmico, especulativo e repleto de ação. É bem construído e arrematado, além de espalhar, ao longo das páginas, as referências que edificam a obra do melhor representante do gênero mangá e um dos mais competentes quadrinhista do Brasil. Assim, nota-se de maneira explícita sua apreciação pelo gênero literário F.C., bem como pela produção nipônica referente à nona arte e aos animes e, ainda, pela cultura pop em geral. Tudo isso incrustado no universo já estratificado do autor de Espada da galáxia.
Cassaro, com este Projeto AYLA, reafirma a sua familiaridade e experiência com o meio e se firma, ao lado de figuras como Bá e Moon, Mutarelli, Angeli e Laerte - cada qual com seus objetivos e estilos, obviamente - um grande contador e construtor de histórias em quadrinhos, revelando que, se fosse em outras terras, suas produções já teriam alcançado repercussão e visibilidade maiores nos diversos meios artísticos do cenário cultural nacional.
Repleto de robôs e artefatos tecnológicos, batalhas devastadoras e seres superpoderosos, este trabalho - inteligente, criativo e gostoso de ler - é mais uma daquelas obras que nos faz perceber que o mercado de HQ do Brasil tem um potencial gigantesco, com artistas altamente competentes, que precisa apenas ser explorado pelas grandes editoras.
Por fim, Marcelo Cassaro, juntamente com Projeto AYLA, representam motivo de orgulho para todos os entusiastas pela solidificação de um mercado produtivo e bem fundamentado em narrativas gráficas brasileiras.
P. S.: Torço para a publicação alcançar vitórias com os troféus HQ MIX e Ângelo Agostini, em 2016.
P. S. 2: Um prólogo ou um texto introdutório seria bem-vindo ao trabalho. Além de uma revisão mais cuidadosa, já que em alguns balões faltam algumas palavras.
P. S. 3: Comprei a edição no Fest Comix, mas infelizmente não consegui um autógrafo...
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