quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Divagações pós-leitura (verbo-visual) de Wolverine - Arma X, O substituto, Gunnm, Tropa de Elite 2, The Walking Dead e poemas de Ginsberg

2014 começou bem. Li Wolverine - arma X (edição formatinho), estou acompanhando The Walking Dead (os quadrinhos), assisti O substituto e Tropa de Elite 2 e, no momento, leio Uivo, Kaddish e outros poemas, de Allen Ginsberg e o mangá cyberpunk Gunnm - Hyper Future Vision, de Yukito Kishiro. Óbvio que o cérebro, habituado à velocidade do século XXI, está rapidamente buscando conexões entre coisas tão DISTINTAS, INTERESSANTES e, ao mesmo tempo, PRÓXIMAS umas das outras.

Comecemos por Wolverine - arma X. Nada mais nada menos que uma metáfora, poética (diga-se de passagem), do conflito interior que travamos a partir do exterior. É, no fim, uma luta para não sermos animalizados pelos avanços do homem em face das descobertas científicas - grosso modo, claro. É um não querer sucumbir ao medo de nos tornarmos irracionais em virtude disso.

The Walking Dead - até onde li (edição 15) - é uma metáfora, também (por que não?), do absurdo das situações que podemos encontrar quando despertamos para o mundo e de como somos forçados a conviver com (e até a aceitar) tudo isso. Há também o eterno conflito da razão com a loucura, da vida com a morte (literalmente) muito bem representado pelos autores da série.

Os dois filmes - O substituto e Tropa de Elite 2 - representam a luta, e a quase impotência, diante de uma sociedade marginalizada e um sistema corrupto e opressor. No primeiro a crítica se dá por meio da educação, e, no segundo, por meio das forças policiais e políticas.

Ainda, os poemas de Allen Ginsberg e o mangá de Yukito Kishiro são proféticos e apocalípticos. Revelam o homem engolido e vomitado pelos grandes centros urbanos e pelas implacáveis máquinas industriais. Um universo cru e violento, onde os sentimentos afetivos (inerentes aos homens) são, quase por completos, substituídos/aniquilados pela materialidade das coisas. Ambos apresentam um mundo dual, dividido entre podridão e matéria - de um lado - e luz transcendente do outro - além (ou acima).

Sendo assim, medo, absurdo, opressão e utopia são os elementos que amarram essas expressões artísticas tão diversas. São responsáveis por aproximar textos tão variados, tanto no tempo (os poemas de Ginsberg são da metade do século XX,  Arma X e Gunnm são dos anos noventa, The Walking Dead e os dois filmes são dos anos 2000), quanto em suas materialidades expressivas (quadrinhos, cinema e poesia).

Por fim, reafirmam e profetizam, bela e inteligentemente, o que já sabemos: que somos seres frágeis e ferozes, lutando contra o insólito e absurdamente extraordinário. Representam, pois, cada qual à sua maneira, o combate eterno dos sujeitos oprimidos contra um estado (ou Estado, mesmo) de coisas onipresente/onipotente opressor, desejosos de manter suas individualidades e esperançosos pelo bem da coletividade humana.

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