Estou sozinho em casa. E por isso mesmo, ela parece maior. Gigantesca. Vago de um cômodo a outro, arrastando o tédio comigo. Lanço-me numa cadeira, outra hora no sofá... por vezes na cama.
Nenhum gesto resolve minha inquietação, um desespero contido, reprimido, prestes a furar e jorrar por todo meu corpo. Ligo o rádio: vozes intermináveis. Desligo. Ligo a televisão: vozes intermináveis e movimentos estáticos. Desligo. Não me dizem, perguntam, respondem nada.
Talvez se ela estivesse aqui... Mas não está! Mas talvez se estivesse... eu poderia distrair-me nos seus sorrisos, prenderia-me nos seus cabelos, entorpeceria-me na tua voz e descobriria-me, perdido, em seus abraços. E isso seria tudo pra mim.
Faríamos brincadeiras bobas um com o outro, riríamos hora de leve, hora estridentemente por pequenas coisas. Falaríamos coisas sérias também. Tão sérias que nossos rostos se contrairiam, se tornariam pesados e tristes.
Mas nossos olhos se encontrariam novamente, nos fazendo lembrar o quanto nos amamos. E então voltaríamos a sorrir - por dentro e por fora e principalmente por dentro. E em nossas consciências, findado o riso externo, do corpo, ainda ecoaria os sons dos sorrisos de dentro - seja do coração ou da mente ou de Deus ou dos cosmos.
E passaríamos as manhãs e as tardes e as noites juntos. E na escuridão noturna, eu esperaria você dormir, e ainda lhe daria uma última olhada, um último afago, um beijo na testa, e então eu dormiria. E, muito provavelmente, eu sonharia com você, meu amor.
Que coisa mais linda! Parece uma história da qual eu faço parte... Mas só parece, né? :)
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